sábado, 30 de janeiro de 2010

Receita para uma boa manhã


Hoje levantei-me, enchi-me de vontade e criei o meu próprio jardim.
Já o tinha idealizado vezes sem conta...
já tinha murmurado tantas vezes: - tenho de fazer um jardim.
E assim foi, hoje levantei-me e pensei: - não passa de hoje.
O meu jardim é um jardim pequeno, é um jardim com um canteiro... mas todos os jardins começam pequenos como nós.
O meu jardim é um canteiro, mas um canteiro bonito e arrumado.
Pus-lhe primeiro a terra até metade, depois regei-a e pus-lhe as sementes salteadas, voltei a por-lhe terra por cima e não voltei a regar. Daqui a dois dias vou espreitar o meu canteiro e voltar a rega-lo.
Gosto tanto do meu jardim.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Genial

"Sentei-me, apunhalado de violência.
Mas o Reitor, que estava lendo um grosso volume, abandonou-me ali durante alguns instantes. E eu pude então repousar um pouco. Olhei a sala, sintética de arrumo e de clareza, vi, por uma porta entreaberta, num aposento interior, a colcha branca de uma cama, ouvi o tanoeiro que cantava longe ao sol. E nesse convite familiar do ambiente, nesta súbita revelação da intimidade das coisas, ergui confiadamente o olhar dorido para o homem, na esperança triste de que ele fosse humano e bom"

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Amelie Mauresmo retirou-se

Esta podia ser uma qualquer notícia banal de um qualquer desportista que termina a sua carreira, mas não.. quando encontrei esta notícia, estava numa busca de azáfama a tentar saber se a Mauresmo estaria no quadro do Australian Open.

Mas não, a Mauresmo não só não está no quadro do AusOpen, como não estará mais em qualquer quadro de um torneio... e isso caros leitores é triste!

É triste porque foi juntamente com ela que me apaixonei pelo ténis, que comecei a jogar ténis e mais... foi por causa dela que comecei a discutir ténis.
Foram muitos torneios a acompanhar e a torcer, foram momentos de desilusão partilhada ou euforia desmedida.
Foram milhares de fotografias guardadas, revistas compradas, jogos gravados.

O ténis não vai ser certamente o mesmo a partir de hoje...

Sem título


“I don’t want to train anymore,” a teary-eyed Mauresmo said at the press conference. “I had to make a decision, which became evident in the last few months and weeks. When you grow older, it’s more difficult to stay at the top. It’s a bit sad, but this is the right decision. I was lucky enough to have an exceptional career and to experience very strong feelings on the court.” [...]

“It became very hard in build-up to the US Open,” the 30-year-old said. “If I were able to enter the court, play and shine, of course I could continue, but to achieve this you need to put in such hard work. And I’m not capable of that. I dreamt of this career, I dreamt of winning a Grand Slam title. I lifted trophies in every city in the world and I lived 10 magical and unbelievable years.”

I’m sure I don’t have to explain how sad this makes me. But when it’s time, it’s time. However her life after tennis plays out, it’s going to be wonderful.

Momo was the first women’s tennis player I ever supported, and I’m so glad I got back into serious WTA-watching this year to catch her fantastic performance in Paris. Everything I’ve ever learned about her off the court has only made me admire her more. And I’m sure I’m not the only one who is going to miss her dreadfully.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

" Se não fosse verdade, até tinha a sua piada"

A senhora do bengaleiro da biblioteca aborrece-me muito!

Sabem aquele tipo de pessoa aborrecida com o mundo?
É ela..
Mas é um aborrecimento em último grau com o mundo, como já começa a ser o meu com ela.. adiante.
Ontem de manhã, na minha habitual ida à biblioteca para estudar, qual não é o meu espanto que encontro-a a falar, penso que era uma aluna, de amor e relações amorosas, não posso deixar de dizer, que a Sra Luísa deve ser pessoa para os seus 60 anos. Dizia então ela que as relações são o reflexo da forma como nos tratam e que o amor se constrói e que temos de estimar a pessoa amada.. enfim.. Ela, o Marquês de Santillhana, o Baena, e o Alfonso X podiam fazer um novo cancioneiro.

Eu nem queria acreditar, a dona Luísa a falar de sentimentos.. a insuportável da dona Luísa.
Deixei a minha mala, levei o que precisava e fui à minha vida singela.

Na hora de almoço, volto à Sra Luísa com intenção de pedir-lhe para me deixar ficar a mala enquanto almoço com o argumento que não iria demorar nada.. e sinceramente já ando com dores nos rins de tanto peso que trago sempre ao ombro.
Mas a Dona Luísa, a pobre da Dona Luísa, não deixou.... "Ai e tal", como dizia o outro"
-"Eu só recebo ordens e só faço o que me mandam, por isso não pode aqui deixar a mala",
- Mas eu venho já, vou só comer, não pode ajudar-me?
- "Eu só recebo ordens"
Desisti.... ao que respondo entro os dentes: É o melhor.. é fazermos sempre o que nos mandam... já dizia o Hitler: " Eu vos poupo do incomodo de escolher", o melhor é mesmo isso dona Luísa é perdermos a oportunidade de contornar aquilo que está mal, continuando a fazê-lo só porque é demasiado chato ter ideia próprias.
Mas não se admirem, caros leitores, quando há pessoas que matam por esse mundo fora, porque eles, como a Dona Luísa, cumprem as ordens sem questioná-las. Porque são máquinas subjugadas, carentes de qualquer valor interior.
- "O que é que disse?"- Perguntou ela.
Nada, nada, um resto de bom dia- disse-lhe eu.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sem título


Inverno e mulher simplesmente dois substantivos que não combinam!

Nariz vermelho
Mãos Roxas
Cara pálida
Enregelada
Dobrada
Engelhada
Encierada

Expliquem-me lá como é que estes adjectivos e substantivos, mais substantivos conjugados com adjectivos podem combinar com o substantivo Mulher?

Não pode, não pode.
Nem que eu tenha de organizar uma manifestação.
Isto não fica assim...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Neste poema o sujeito poético


O ano amanheceu chuvoso, sem sol, apático e sombrio.
Começou a saga das frequência e fui assolapada por uma dor de dentes doentia, que me impede de comer, mas que não me tira a fome.
Da mesa da biblioteca, com a pouca luz que há, vejo um vaso grande com pequenos vasos e muitas flores... é o que vejo.. e depois, só depois os livros, os cadernos, as letras e o texto.
A minha cabeça anda cansada de ver tanto amontoado de livros por estudar, ainda assim continuo simpática, mesmo sem conseguir falar, porque me dói a boca, mas agora o importante é conseguir escrever, escrever muito.

Ps: Só para tentar justificar a minha ausÊncia :)

sábado, 2 de janeiro de 2010

E se a vida tem Banda Sonora?



Well it's been a long time, long time now

And I'll gamble away my fright.
And I'll gamble away my time.
And in a year, a year or so
this will slip into the sea
Well, it's been a long time, long time now

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Welcome to 2010




É cliché começar um novo ano e projectarmos novos objectivos, que por infortúnio das circunstâncias, ou da nossa vontade própria, não conseguimos cumprir.

Eu gostava de deixar de fumar, mas espera.. eu já deixei de fumar. Pronto quero continuar sem fumar.
Adorava voltar à escola.. mas.. eu já voltei à escola. Pronto quero continuar a divertir-me e a entregar-me como me tenho entregado àquilo que mais gosto e com que mais me identifico: a literatura, a cultura e a língua.
Emagrecer não preciso, mas precisava de fazer desporto, isso! Desporto, este ano quero praticar mais desporto!
Este ano quero ler mais, escrever mais, ver mais e opinar mais.
Este ano quero ouvir mais música e quero ter mais silêncio.

Este ano aproveito para agradecer o ano que passou e reconhecer que o ano que passou foi profundamente importante para não ter de continuar a adiar aquilo que realmente é importante para mim. Para não ser mais um daqueles que passa os anos a adiar aquilo que é profundamente urgente e emergente.

Os meus desejos para 2010 são a continuação daquilo que comecei em 2009.

E vocês, o que desejaram?